O primeiro dever do homem é dar a Deus o culto de adoração, louvor e ação de graças que Lhe é devido. Esse culto tem quatro elementos:
1- Reconhecer a Deus como nosso Criador e Senhor, porque Ele nos criou e d´Ele dependemos a todo instante. (fim latrêutico)
No sacrifício da missa, é dada a Deus uma adoração absolutamente digna d’Ele, rigorosamente infinita. Esse efeito é sempre produzido infalivelmente, ex opere operato, ainda que a missa seja celebrada por um padre indigno e em pecado mortal. A razão está em que este valor latrêutico ou de adoração depende da dignidade infinita do Sacerdote principal que o oferece, Nosso Senhor Jesus Cristo, e do valor da Vítima oferecida, que é Ele próprio.
2- Agradecer por todos os benefícios que recebemos d´Ele. (fim eucarístico)
Os imensos benefícios de ordem natural e sobrenatural que recebemos de Deus nos fizeram contrair com Ele uma dívida infinita de gratidão. A eternidade inteira seria insuficiente para saldar essa dívida se não tivéssemos outros meios além daqueles que podemos oferecer por nós mesmos.
Mas está à nossa disposição um procedimento para liquidá-la totalmente com infinito saldo a nosso favor: o Santo Sacrifício da Missa. Por ela, oferecemos a Deus Pai um sacrifício eucarístico, ou de ação de graças, que supera infinitamente nossa dívida; porque é o próprio Cristo quem se imola por nós e em nosso lugar dá graças a Deus por seus imensos benefícios. É também uma fonte de novas graças.
3- Pedir perdão por nossas faltas e pecados. (fim satisfatório)
Reparar as ofensas feitas ao Criador é um dever capital. Também neste aspecto o valor da Santa Missa é absolutamente incomparável, já que com ela oferecemos ao Pai a reparação infinita de Cristo com toda sua eficácia redentora.
Mas esse efeito não é aplicado sobre nós em toda sua plenitude infinita (bastaria uma única missa para reparar, com grande superabundância, todos os pecados do mundo e liberar de suas penas todas as almas do purgatório), mas em um grau limitado e finito segundo nossas disposições.
4- Pedir-Lhe o que necessitamos para nossa vida e nossa salvação eterna. (fim impetratório)
Cristo se oferece na Santa Missa a Deus Pai para obter para nós, pelo mérito infinito de sua oblação, todas as graças de vida divina que necessitamos. Está “sempre vivo intercedendo por nós” (Heb. 7, 25), apoiando com seus méritos infinitos nossas súplicas e petições. Por isso, a força impetratória da Santa Missa é incomparável e leva Deus, infalível e imediatamente, a conceder aos homens todas as graças que necessitam. Contudo a concessão efetiva dessas graças está vinculada ao grau de nossas disposições.
Ao incorporar nossas orações à Santa Missa, elas não somente entram no rio caudaloso das orações litúrgicas, que já lhes daria uma dignidade e eficácia especial, mas também se unem à oração infinita de Cristo. Deus Pai o escuta sempre: “Eu sei que sempre me escutais” (Jo. 11, 42), e por consideração a Ele nos concederá tudo o que necessitamos.
Em concreto, estes são também os quatro fins da Santa Missa.
Este culto não é somente individual, mas é principalmente um culto público, ordenado e prescrito pela Igreja inspirada pelo Espírito Santo. Esse culto oficial é chamado Liturgia. A palavra Liturgia vem do grego leiton ergon que significa obra ou ministério público.
"A Liturgia é, portanto, o culto divino, público e oficial, realizado pela Igreja e que também santifica os fiéis”. J. G. Treviño, Lecciones practicadas de Liturgia
Ou mais brevemente:
"A Liturgia é o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo pela Igreja”. Papa Pio XII, Encíclica Mediator Dei
Elementos da Liturgia
1- Santo Sacrifício da Missa, que é a sua alma e o seu centro;
2- Ofício Divino, que gira ao redor da Missa. O Ofício Divino é chamado também de Breviário, que é o livro que contém as orações oficiais da Igreja que os subdiáconos, diáconos, padres e bispos rezam oito vezes por dia em benefício da Igreja e de todos os seus filhos.
3- Os sacramentos, sacramentais, bênçãos e todos os ritos e cerimônias, símbolos e vestiduras, vasos e lugares sagrados, além dos cantos e melodias que a Igreja usa para concretizar este culto público e solene.
A oração da Igreja
A Liturgia é a teologia transformada em oração. Constitui a própria vida da Igreja, do Corpo Místico de Cristo e, por isso, tem um poder para a santificação das almas verdadeiramente admirável. Por meio da Liturgia católica, ascendem ao céu a adoração, a ação de graças, os pedidos de perdão e de ajuda dos fiéis e, por meio desta mesma Liturgia, descem sobre os homens a misericórdia, ajuda e proteção de Deus.
A liturgia constitui o meio mais poderoso que a Igreja tem para converter as almas, santificá-las e protegê-las. A Liturgia é o meio mais poderoso para comunicar a fé católica no Sacrifício de Cristo renovado sobre o altar. Por esta razão, desde os primeiros séculos se diz lex orandi, lex credendi, ou seja, a lei da oração (o modo de rezar) nos ensina a lei da fé, ou seja, a maneira de rezar e de dar culto a Deus demonstra o que cremos.
Durante séculos, a fé católica foi comunicada por meio da Liturgia, na qual estão concentradas todas as verdades do Credo católico. Por isso, modificar a Liturgia da Missa pode trazer consequências incalculáveis, provocando a alteração da fé dos fiéis, a corrupção da moral e a apostasia. Os povos protestantes são um exemplo disso. Havendo mudado a Liturgia, mudaram a sua fé e se tornaram hereges e, atualmente, ateus em vários lugares. No século XVI, na Inglaterra, o sacerdote herege Thomas Cranmer mudou a Liturgia da Missa do latim para o inglês; uns anos depois, a Inglaterra perdeu a fé católica e impediu a cristianização do mundo opondo-se às nações católicas missionárias como Portugal e Espanha.
Disposições para o Santo Sacrifício da Missa
São João Eudes disse que para celebrar ou participar dignamente em uma missa eram necessárias três eternidades: uma para preparar-se, outra para celebrá-la ou assisti-la e outra para agradecer. Ainda que não possamos chegar a tanto, é certo que toda preparação será pouca por diligente e fervorosa que seja.
As principais disposições são de dois tipos: externas e internas.
Externas: para o padre consistem em seguir perfeitamente as rubricas e cerimônias que a Igreja prescreve. Para o fiel, consistem no respeito, modéstia e atenção com que deve assistir a ela.
Internas: A melhor de todas é identificar-se com Jesus Cristo, que se imola no altar. Oferecê-lo a Deus Pai e oferecer-se n’Ele, com Ele e por Ele. Esta é a hora de pedir-lhe que nos transforme em pão, para ser alimento de nossos irmãos por meio de nossa entrega total pela caridade. União íntima com Maria junto à cruz; com São João, o discípulo amado; com o padre celebrante, novo Cristo na terra. União com todas as missas que são celebradas no mundo inteiro. Nunca peçamos nada a Deus sem incluir, como preço infinito da graça que desejamos, a seguinte invocação: “Senhor, pelo sangue adorável de Jesus, que neste momento algum padre está elevando no cálice em algum lugar do mundo”.
A Santa Missa celebrada ou assistida com essas disposições é o instrumento de santificação mais importante de todos.
Via Seminario Nuestra Señora Corredentora
A SAGRADA LITURGIA
4/
5
Oleh
Web